E Se… Todos os humanos fossem Gordos ?

Se o futuro for como o do filme Wall-E, onde a população vive em cadeiras flutuantes sem precisar se mover, ainda assim, é mais provável que continuemos lutando para sermos saudáveis. Afinal, a obesidade não é apenas uma questão estética, mas uma doença crônica, associada a problemas como hipertensão, diabetes e doenças cardíacas. Atualmente, 48,5% dos brasileiros estão acima do peso e 15,8% são obesos, números que, embora preocupantes, ainda são menores do que os 35,7% da população obesa nos Estados Unidos. A previsão da OMS é que o mundo tenha 700 milhões de obesos nos próximos anos. Mas o que isso significaria na prática?
A Vida em Escala GG
Se a obesidade se tornasse a norma, nosso dia a dia passaria por grandes adaptações. Desde o design de móveis até os esportes mais praticados, tudo precisaria ser repensado para atender a uma população com novas necessidades.
Esportes e Entretenimento: Adeus Futebol, Olá Lutas e Força Bruta
Esportes de impacto, como futebol, basquete e vôlei, seriam menos populares devido aos problemas articulares associados à obesidade. Em contrapartida, modalidades que exigem menos mobilidade e mais força física, como sumô, jiu-jítsu e levantamento de peso, ganhariam destaque. O personal trainer Diego Sanches explica: “Obesos poderiam ter mais sucesso em esportes que exigem resistência e força ao invés de agilidade”.
Mudanças no Design e na Indústria
Produtos do dia a dia teriam que se adaptar. Já existem cadeiras de escritório mais largas e resistentes, bem como mouses projetados para mãos maiores. Nos lares, camas de grandes dimensões, como a Super King Size, se tornariam padrão. No setor automotivo, montadoras já vêm fazendo ajustes: a Honda, por exemplo, ampliou os assentos do Civic em 6 cm, e a Ford redesenhou os bancos do Focus para comportar corpos maiores. Nos aviões, companhias aéreas enfrentariam um dilema: continuar cobrando por assentos duplos para passageiros obesos ou reformular completamente suas cabines?
O Estilo de Vida Plus Size
Caso a maioria da população fosse obesa, a obsessão atual com a magreza daria lugar a uma nova norma: a busca por um peso dentro da faixa de obesidade grau 1 (IMC entre 30 e 34,9). Seria uma inversão da atual “ditadura da magreza”, com mais pressão para manter um estilo de vida saudável, sem alcançar níveis de obesidade severa ou mórbida.
O conceito de beleza também mudaria. Figuras como Beth Ditto, Fluvia Lacerda e Miss Plus Size Cléo Fernandes se tornariam as novas referências de estética, ofuscando modelos magras. Marcas de moda reformulariam seus padrões, e campanhas publicitárias destacariam corpos maiores como símbolos de sensualidade e poder.
O Impacto na Economia e na Saúde Pública
Se a obesidade se tornasse predominante, os gastos com saúde disparariam. Atualmente, o Brasil já destina R$ 3,5 bilhões anuais para tratar doenças relacionadas à obesidade. Em um cenário onde a maioria da população precisasse de acompanhamento médico constante, o orçamento da saúde superaria outras áreas essenciais, como infraestrutura e educação.
O transporte urbano precisaria ser revisto, com assentos maiores em ônibus, metrôs e trens. Empresas como a Toyota já estão desenvolvendo soluções como o i-Real, um tipo de poltrona hi-tech móvel, que poderia ser uma alternativa de locomoção para uma sociedade menos ativa.
Um Futuro Possível?
A obesidade está crescendo globalmente, mas será que esse futuro realmente se concretizará? A luta pela saúde e qualidade de vida é uma constante, e o combate à obesidade envolve não apenas questões médicas, mas também sociais e econômicas. A tendência é que continuemos a buscar um equilíbrio entre a praticidade da vida moderna e a necessidade de manter nossos corpos saudáveis. No fim das contas, ainda temos o poder de decidir se caminharemos para um mundo onde as esteiras de academia superam as poltronas tecnológicas — ou se apenas aceitaremos o destino da inércia.