Por Que Balançamos A Cabeça Verticalmente Para “Sim” Horizontalmente Para “Não”?

O primeiro passo é entender se esses gestos são universais. Se forem encontrados em várias culturas e etnias ao redor do mundo – incluindo as mais isoladas –, isso pode indicar uma base biológica para os acenos de cabeça.
Por outro lado, se o gesto for limitado ao Ocidente, sua explicação é mais simples: bastaria que as pessoas, ao longo do tempo, concordassem com seu significado, até que ele se tornasse amplamente difundido.
Esse processo é semelhante ao modo como atribuímos significado às palavras do nosso vocabulário: não existe um motivo essencial para chamarmos uma “bola” de “bola” além do fato de que essa foi a convenção estabelecida entre falantes de português. Esse conceito, conhecido como arbitrariedade do signo, foi identificado pelo linguista Ferdinand de Saussure no início do século 20.
Curiosamente, Charles Darwin sugeriu que o aceno vertical (de cima para baixo) pode ter raízes biológicas: é o mesmo movimento que um bebê faz ao procurar mamar. Já o balançar de cabeça para os lados é comum em crianças que rejeitam comida. Darwin levantou essa hipótese em seu livro A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais, publicado em 1872. Segundo ele, essas predisposições poderiam explicar por que, em diferentes culturas, os mesmos movimentos acabaram adquirindo significados semelhantes.
Contudo, testar essa hipótese é um desafio. Existem países, como a Índia, onde os sinais são diferentes, ou casos, como na Bulgária e na Hungria, em que o significado dos acenos é invertido. No entanto, esses exemplos não invalidam a hipótese de Darwin, pois gestos transmitidos culturalmente podem suprimir ou modificar gestos de origem biológica.
Uma forma mais definitiva de testar essa teoria seria verificar se pessoas cegas de nascença realizam esses gestos, mesmo sem jamais tê-los observado. No entanto, ainda faltam estudos robustos que investiguem essa questão de forma conclusiva.