E Se… Trótski tivesse vencido Stálin?

Para os marxistas, a história segue uma lógica de luta de classes, tornando-se, em teoria, previsível. Mas, e se algumas peças-chave mudassem de lugar? A história teria tomado outro rumo? Um dos maiores debates entre especialistas é o impacto que a troca entre dois líderes revolucionários poderia ter causado: e se Leon Trótski tivesse assumido o poder no lugar de Joseph Stálin?

A Disputa Pelo Comando da Revolução Russa

Em 1924, com a morte de Vladimir Lênin, Leon Trótski era o sucessor natural para liderar a União Soviética. Popular e respeitado por sua atuação no Exército Vermelho, ele tinha uma visão revolucionária global: acreditava que o comunismo só triunfaria se se espalhasse para outros países. Já Stálin defendia o “socialismo em um só país”, focando na consolidação interna da revolução russa antes de tentar expandi-la.

O que aconteceu foi a ascensão de Stálin, apoiado por uma poderosa burocracia, e a eliminação metódica de seus opositores. Trótski foi expulso da URSS em 1927 e assassinado em 1940. Mas, se ele tivesse assumido o poder, o mundo poderia ser completamente diferente.

Um Mundo Vermelho Sem Nazismo?

Trótski era um defensor fervoroso da revolução mundial e, caso estivesse no comando, é possível que a Revolução Alemã de 1923 tivesse sucesso. Com a Alemanha unida à União Soviética, um grande bloco comunista se formaria, eliminando a ascensão do nazismo e, possivelmente, evitando a Segunda Guerra Mundial.

A quebra da Bolsa de Nova York em 1929 teria acelerado a queda do capitalismo na Europa, empurrando outros países para a revolução. O mundo, nos anos 1930, poderia ser dominado por um império socialista abrangendo boa parte do globo.

E Os Estados Unidos?

Sem a destruição da economia europeia pela Segunda Guerra, os Estados Unidos talvez não se tornassem a grande potência mundial do século XX. O Japão, por sua vez, enfrentaria uma China comunista fortalecida, o que poderia desencadear uma corrida armamentista na região.

Com um bloco socialista gigantesco, a Guerra Fria talvez nunca acontecesse nos moldes que conhecemos. Ou pior: um conflito direto entre um Ocidente enfraquecido e um Leste dominado pela União Soviética poderia ter levado a uma guerra mundial ainda mais catastrófica.

O Brasil Sob Outra Ótica

Na América Latina, os Estados Unidos não tolerariam a ascensão do comunismo em seu quintal. Com menos espaço para democracias, o continente poderia viver sob regimes militares ainda mais severos do que os vistos durante a Guerra Fria. No Brasil, um Partido dos Trabalhadores talvez nunca existisse, e líderes como Lula jamais chegariam ao poder.

Um Final Diferente Para O Comunismo

Se Trótski tivesse liderado a URSS, seu governo seria menos brutal do que o de Stálin? Dificilmente. Revoluções globais exigiriam um Estado forte, e Trótski, embora crítico da burocracia stalinista, não hesitaria em usar a força para manter o poder.

Mas a queda da União Soviética em 1991 talvez nunca tivesse acontecido. Dominando a maior parte do mundo, o socialismo poderia ter se tornado o sistema hegemônico global.

No fim, a história mostra que pequenas mudanças de liderança podem gerar efeitos colossais. E se Trótski tivesse assumido o poder, talvez estivéssemos vivendo em um mundo onde a economia de mercado seria um experimento fracassado e a Revolução Comunista nunca teria fim.

Mauricio Martucci

Maurício Martucci é Economista, Podcaster e Arrombado nas horas vagas.